Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), pandemia é a disseminação mundial de uma nova doença, e o termo passa a ser usado quando uma epidemia, surto que afeta uma região, se espalha por diferentes continentes com transmissão sustentada de pessoa para pessoa.
O isolamento social é a principal recomendação das autoridades de saúde mundial, a fim de evitar a propagação da nova pandemia do coronavírus, causador da covid-19. Porém esta medida impôs as pessoas uma mudança radical no estilo de vida. Somando-se ao medo de ser contaminada, à impossibilidade do contato físico, entre outros fatores, a situação acaba trazendo transtornos também à saúde mental da população.
Os sintomas psicológicos variam de pessoa para pessoas e estão relacionados ao estilo de vida de cada um e as fases da pandemia. A primeira fase foi caracterizada por uma mudança radical de estilo de vida em que a primeira reação foi a do medo de ser contaminado pelo vírus invisível que se aproxima.
As dificuldades começaram a surgir com a necessidade da redução e distanciamento do contato físico. Para nós latinos não é nada fácil deixar de se abraçar e de se tocar, seguida da reação de estresse agudo ocasionado por uma circunstância súbita e inesperada.
A epidemia é, portanto, um forte fator de estresse que, por sua vez, é fator causal de desequilíbrios neurofisiológicos que podem desencadear um transtorno mental mais grave. A segunda fase da epidemia está relacionada com o confinamento compulsório, que exige uma forçada mudança de rotina. Nesta fase, são comuns as manifestações de desamparo, tédio e raiva pela perda da liberdade.
É uma reação de ajustamento situacional caracterizado por ansiedade, irritabilidade, e desconforto em relação à nova realidade. Estas reações são esperadas e preocupam do ponto de vista da saúde mental quando passam a afetar a funcionalidade do indivíduo. A terceira fase está relacionada com as possíveis perdas econômicas e afetivas decorrentes da epidemia. As pessoas que forem internadas vão passar por uma experiência traumática principalmente aqueles que exigem intubação e tratamento intensivo, além do distanciamento de pessoas queridas.
Elas têm uma experiência próxima da morte, sendo as sequelas mais importantes a depressão e risco de suicídio e o desenvolvimento posterior do estresse pós-traumático. Isso sem falar da impossibilidade dos rituais fúnebres, sem despedidas e sem o acolhimento necessário em momentos frágeis.
No contexto de uma pandemia, como a da COVID-19, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) constituiu a possibilidade da atuação de psicólogos em emergências e desastres,contextos clínicos, de assistência social e saúde pública.Sendo assim, são várias as formas de atuação desse profissional, que não se limita somente ao atendimento físico, mas também digital, como o on-line.
Desde a prestação de serviços psicológicos realizados através de tecnologia da informação e comunicação, pode atuar na orientação sobre aspectos de higiene que visem minimizar os riscos de contaminação do vírus; conscientização das eventuais mudanças de hábitos e possíveis implicações emocionais que podem ser acarretadas por conta disso; abordagem, quando necessário, das implicações emocionais da quarentena e de aspectos psicológicos do isolamento; exercício da profissão segundo os princípios do Código de Ética Profissional do Psicólogo, com informações precisas e que evitem o pânico.
Todas as atuações acima desenvolvidas por psicólogos são de extrema importância em tempos de pandemia e constituem uma série de boas práticas que precisam ser seguidas para a superação da sociedade em momentos de crise.
Gleciene Mendes
Psicóloga Clínica da Santa Casa de Saúde de Vitória
CRP Nº 16/1268
Fontes:
https://www.bio.fiocruz.br/index.php/br/noticias/1763-o-que-e-uma-pandemia – https://blog.unopar.com.br/psicologia-pandemia/